Dezembro sempre traz consigo aquele convite irrecusável à reflexão. É como se o ar ficasse mais denso de memórias, mais carregado de significados. E aqui estamos nós, mais uma vez, prontos para olhar para os últimos doze meses com olhos atentos e coração aberto.
Que tal fazermos juntos esse exercício de olhar para trás? Não para nos perdermos em arrependimentos ou nos pavonearmos com conquistas, mas para verdadeiramente entender o que este ano nos trouxe de aprendizados.
Comece pensando nos seus dias comuns. Aqueles que parecem iguais, rotineiros, sem nada de especial. O que mudou neles desde janeiro? Que pequenos ajustes você fez na sua rotina? Que hábitos sutis foram cultivados? Às vezes, as maiores transformações acontecem nos menores gestos – naquela pausa para respirar que você não fazia antes, naquele “não” que aprendeu a dizer, naquele momento de silêncio que começou a respeitar.
E seus relacionamentos? Não falo só dos grandes amores ou das amizades profundas. Falo também das conexões cotidianas, das conversas de elevador, dos sorrisos trocados na padaria. Como você se relacionou com o mundo este ano? Que barreiras você derrubou? Que pontes construiu? Que limites aprendeu a estabelecer?
Pense nos momentos difíceis – sim, eles também merecem nossa atenção. Como você reagiu aos obstáculos este ano? O que fez diferente das outras vezes? Que recursos descobriu em si mesmo que nem sabia que tinha? Às vezes, nossas maiores vitórias não estão em ter evitado a queda, mas em como escolhemos nos levantar.
E as pequenas alegrias? Aquelas que não cabem em post de rede social, que não impressionam ninguém além de você mesmo? Que momentos de paz você conquistou este ano? Que sorrisos guardou na memória? Que abraços te aqueceram a alma?
Olhe para suas escolhas. Não para julgá-las, mas para entendê-las. Que decisões você tomou este ano que demonstram mais auto-respeito? Em que momentos você escolheu paz ao invés de razão? Quando foi que sua coragem falou mais alto que seu medo?
Pense em seus aprendizados. Não só os que podem ser certificados ou pendurados na parede. Que verdades sobre si mesmo você descobriu? Que crenças antigas você questionou? Que novos olhares desenvolveu sobre velhas questões?
E seus sonhos? Como eles se transformaram ao longo deste ano? Quais cresceram? Quais mudaram de forma? Quais você teve a coragem de soltar, entendendo que já não eram mais seus?
Reflita sobre seu autocuidado. Como você aprendeu a se tratar este ano? Que formas de gentileza própria você descobriu? Em que momentos conseguiu ser mais compreensivo consigo mesmo?
Olhe para suas conquistas – todas elas. Não apenas as que podem ser medidas ou fotografadas. A paciência que cultivou. A ansiedade que aprendeu a acalmar. O perdão que conseguiu oferecer – a si mesmo ou a outros. A coragem de tentar de novo. A sabedoria de parar quando necessário.
Este exercício de olhar para trás não é sobre colecionar troféus ou acumular arrependimentos. É sobre entender nossa jornada, reconhecer nosso crescimento, honrar nossos processos.
Porque cada pequeno passo que demos, cada pequena mudança que fizemos, cada momento de coragem que tivemos – tudo isso nos trouxe até aqui. E aqui, exatamente onde estamos, é o lugar perfeito para reconhecer o quanto crescemos, mesmo quando o crescimento foi silencioso, mesmo quando foi dolorido, mesmo quando foi menor do que gostaríamos.
Que tal reservar um momento hoje para esse olhar? Pegue um caderno, sirva sua bebida preferida, encontre um cantinho tranquilo. E permita-se reviver este ano – com suas luzes e sombras, suas vitórias e tropeços, seus risos e lágrimas.
Porque cada experiência, cada escolha, cada momento nos trouxe aprendizados. E são eles que, reunidos, nos mostram não apenas o quanto caminhamos, mas principalmente quem nos tornamos no processo.
E aí, o que descobriu sobre si mesma neste ano que está terminando?