Porque fazemos o que fazemos

Desde sempre, fui uma pessoa questionadora. Nunca aceitei uma verdade que não fizesse sentido para mim. Foi assim que, na vida profissional, me deparei com uma abordagem psicológica que explicava racionalmente por que agimos, escolhemos e pensamos como fazemos. Foi amor à primeira vista.

Li seus livros, devorei seus artigos, compreendi seus efeitos e a observei na prática. Essa é minha história de amor com a Análise do Comportamento, uma filosofia de ciência que entende haver sempre uma explicação para o modo como os seres humanos se comportam. Foi a abordagem que melhor abraçou características que eu já possuía – como costuma ser.

Agora, adulta, já estabelecida profissionalmente e munida de muito mais conhecimento e experiência do que a jovem que se apaixonou pela teoria, me pego questionando, com muito mais propriedade, padrões muito mais profundos, enraizados e complexos. Em mim e nos outros.

Todos os dias, eu me deparo com a mesma angústia, que geralmente vem em formato de pergunta. O conteúdo específico muda bastante, mas, em linhas gerais, a dúvida é a mesma:

Por que eu faço o que eu faço?

Por que eu ligo para o meu ex, quando sei que ele não me faz bem? Por que não envio meu currículo para outras empresas, se já sei que não quero mais ficar na que estou? Por que não me mantenho em dieta? Por que não me esforço pelos meus sonhos? Por que não consigo controlar a minha raiva?

E, se eu pudesse, abraçaria cada uma dessas angústias, porque as conheço muito bem. Por vê-las tantas vezes há tantos anos nos outros, mas por reconhecê-las também em mim.

A angústia por trás dessa pergunta é o nosso anseio por coerência. Queremos e precisamos fazer sentido. E é terrível a sensação de não fazer. É pavoroso sentir que nossos desejos não têm força suficiente para reger nossos comportamentos. Assustador imaginar que nossas intenções não sejam capazes de organizar nosso futuro.

Mas a verdade desanimadora é que somos, e seremos, pouco ou nada coerentes. A suposta incompatibilidade entre pensar, desejar, intencionar e agir faz parte da essência humana. E é assim porque mais de uma coisa pode ser verdade ao mesmo tempo.

Você pode entender que seu ex não te faz bem, mas desejá-lo mesmo assim. Pode querer muito sair do seu trabalho atual, mas morrer de medo de fazê-lo. Pode querer perder peso, mas desejar ainda mais o conforto que a comida te traz. Pode querer seus sonhos, mas ter pavor de não conseguir alcançar nada depois de se esforçar tanto – então decide nem tentar. Pode querer controlar a raiva, mas também sentir a necessidade de se vingar de quem te machucou.

Mais de uma coisa pode ser verdade ao mesmo tempo.

E isso significa que nossos comportamentos não são organizados por uma causa única. Não basta desejar para agir. Não basta querer para mudar. Não basta sonhar para conseguir.

Essa consideração simplifica ao máximo uma experiência extremamente complexa, rica e potente: a de ser humano. Minha prática e todos os meus estudos me demonstram exatamente o contrário. Comportamentos são organizados por causas múltiplas.

Algumas tão sedimentadas que carregamos de nossos ancestrais, outras tão antigas que emprestamos da cultura em que crescemos, e várias tantas tão concretas; as que formamos ao longo de nossas vidas.

Você faz o que faz porque foi ensinado(a) a fazer assim. Porque sua história te contou que essa é a melhor forma, e porque, de algum jeitinho, você entendeu que é o único caminho.

Aqui, a urgente importância de buscarmos por mais e mais conhecimento. Saber sobre o diferente pode alterar a trajetória da sua vida como poucas outras coisas podem. Quanto mais fora da nossa zona de conforto, melhor.

Se sua maior dificuldade é encerrar um relacionamento complicado, vá estudar sobre término e aprenda como ficar bem sozinho(a). Se é pedir demissão, aprenda sobre como se preparar para tomar decisões difíceis. Se é perder peso, entenda como regular suas emoções sem depender da comida. Se são os seus sonhos, aprenda sobre coragem. Se é a raiva, domine a vulnerabilidade.

“Por que fazemos o que fazemos?” é uma pergunta extremamente importante, que traz outros tantos questionamentos potentíssimos para qualquer processo de mudança. Encontrar respostas para eles é elementar. Mas também é encaminhar nossos anseios para uma vida mais significativa.

E essa vida vai, necessariamente, passar pela aquisição de repertórios e experiências novas e diferentes.

Então, vamos começar? Que tal olhar para suas próprias angústias e perguntar-se: “Por que eu faço o que faço, e o que eu posso fazer com isso?” A resposta pode ser o primeiro passo para uma vida mais significativa.

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