Você precisa sair, ponto.
Precisa sair de casa pelo menos uma vez por dia. Sair da rotina pelo menos uma vez por semana. Sair do controle pelo menos uma vez por mês.
Precisa ir encontrar amigos. Experimentar uma comida diferente. Ir num restaurante novo. Testar suas habilidades num outro idioma. Ler um livro que não seja bem o que você está acostumada. Arrumar seu cabelo de outro jeito. Ouvir um estilo musical que não seja o que você sempre ouviu.
Você precisa sair.
Você precisa sair porque ficar presa dentro das mesmas estruturas impede o seu crescimento. Ou, no mínimo, limita ele.
Você precisa sair porque experimentar viabiliza o descobrimento de quem você É, se não estivesse simplesmente repetindo escolhas o tempo todo.
Testar permite que você desbloqueie interesses e desejos e prazeres novos, sim, mas também é uma forma importantíssima de afirmar quem você realmente é.
Será que você gosta mesmo só desse sabor de pizza? Será que é só funk que te dá vontade de dançar? Será que é só romance, que você gosta de ler? Será que é só sobre política que você gosta (ou não) de discutir?
Experimentar o diferente te fará desconfortável, sim, mas também te abrirá as portas para prazeres novos.
Se eu nunca tivesse experimentado, eu nunca saberia que meu pedido de pizza preferido é ela salgada, mas com a borda recheada com Nutella – pra comer a segunda como sobremesa.
Se eu nunca tivesse experimentado, eu nunca teria descoberto que o verdadeiro café da manhã dos campeões é comer a borda de Nutella fria, no dia seguinte, depois dela ter passado a noite na geladeira, junto com um café fresquinho.
Se eu nunca tivesse experimentado, não saberia que poderia aprender a fazer pão aos 32 anos. Ou que gostava de jazz francês, e não só de indie. Ou que na verdade eu sabia falar bem mais espanhol do que eu supunha. Ou que, na verdade, eu realmente não gosto de bebida alcóolica. Mas gosto do gosto de cigarro.
Se eu nunca tivesse experimentado, eu não saberia quase nada sobre mim.
E, porque saberia muito pouco sobre mim, minha vida muito pouco sobre mim seria.
E, eu não sei você, mas acho que esse é um risco bem mais grave de correr, do que o desconforto de experimentar o diferente.