Você se sente cansada o tempo todo e não sabe por quê?

Talvez o motivo seja a negligência emocional – tendência de ignorar o que você sente e precisa, deixando suas próprias emoções e necessidades para depois. O processo é muito mais comum do que eu gostaria que fosse e, na maioria das vezes, acontece de forma automática, sem que você perceba.

Como psicóloga, identifiquei cinco sinais de que isso pode estar acontecendo com você. Antes de enunciá-los e te dar espaço para possivelmente reconhecê-los, quero te convidar a olhar para eles com gentileza e curiosidade, sem julgamento, apenas observando como, se e quando eles se manifestam na sua vida.

1. Você sempre diz “sim” para os outros, mas nunca para si mesma.

Você é aquela pessoa confiável, que sempre está disponível para ajudar os outros. Agora, quando se trata de algo para você mesma, o cansaço bate, a preguiça chega e a prioridade muda.

Vá lá, isso provavelmente não acontece porque você não se importa consigo, ou porque você não tenha desejos, objetivos e sonhos próprios, mas porque, ao longo da vida, aprendeu a associar valor ao ato de cuidar dos outros, esquecendo que você também merece esse cuidado.

Costumo ajudar meus clientes da clínica a diferenciar o que fazemos por alinhamento com nossos valores e o que fazemos por medo ou necessidade de aprovação. E aqui, te pergunto: será que seus “sim” estão vindo de um lugar de conexão com o que realmente importa para você?

2. Você está sempre ocupada, mas se sente improdutiva.

A sua rotina é cheia, você está constantemente resolvendo problemas, cumprindo tarefas e ocupando cada micro espaço do dia. Mas, no fim, a sensação que fica é de vazio, como se nada disso realmente fizesse sentido.

Isso pode ser um sinal de que você está apenas “rodando no piloto automático”, desconectada dos seus valores essenciais. Estar ocupada não significa estar vivendo com propósito. O convite, aqui, não é fazer mais, mas sim fazer com intenção, escolhendo conscientemente onde colocar sua energia.

3. Você sente culpa ao descansar.

Deitar no sofá, fechar os olhos por alguns minutos ou simplesmente não fazer nada parece algo “errado”. Sempre há aquela voz interna dizendo que você deveria estar sendo produtiva.

Esse é um padrão de pensamento que reforça a ideia de que seu valor está atrelado ao que você faz, e não a quem você é. Quero te lembrar que pensamentos não são verdades absolutas – eles são apenas eventos mentais. Você não precisa (e nem deve!) lutar contra eles, mas pode escolher agir de forma diferente, reconhecendo que o descanso não é um luxo, e sim uma necessidade legítima.

4. Você não sabe como dizer “não”.

Aceitar compromissos que não quer, assumir tarefas que não são suas e estar sempre disponível pode parecer um ato de generosidade, mas quando isso acontece à custa do seu próprio bem-estar, é, sim, um sinal de negligência emocional.

Dizer “não” pode ser desconfortável no início, mas é um ato de respeito consigo mesma. É fundamental que aprendamos a conviver com o desconforto que surge ao estabelecer limites, em vez de evitá-lo. O desconforto passa. O hábito de se sobrecarregar, se não for questionado e alterado, continua.

(E tem seus custos!)

5. Você se sente exausta no final do dia, mas ignora isso.

O corpo pede descanso, a mente está sobrecarregada, mas você segue em frente, como se fosse possível continuar funcionando no automático para sempre. Esse é um dos sinais mais silenciosos da negligência emocional, porque muitas vezes aprendemos a normalizar o esgotamento.

Reconhecer e acolher sua exaustão é um ato de compaixão consigo mesma. Em vez de ignorar o cansaço, que tal criar um espaço para ele? Para começar, apenas observe: como seu corpo se sente agora? O que ele precisa?

A menor das pausas pode ser um ato de cuidado e reconexão consigo mesma.

O que fazer agora?

Se você se reconheceu em um ou mais desses sinais, saiba que não há nada de errado com você. Todas nós, em algum momento, passamos por ciclos de negligência emocional. O pulo do gato está em perceber isso e escolher, com gentileza, um caminho diferente.

Para começar, quero te convidar a aceitar nossa experiência interna, com todas as emoções e sensações que ela traz, sem precisar fugir ou lutar contra elas.

Você pode se sentir cansada e, ao mesmo tempo, escolher cuidar de si. Você pode sentir culpa ao descansar e, mesmo assim, decidir fazê-lo.

O primeiro passo para sair desse ciclo é começar a se priorizar – um pequeno ato de cada vez.

Agora, me conta: qual desses sinais mais ressoou com você?