Outro dia, atendendo uma cliente, ela me disse algo que ficou ecoando em minha mente por dias: “Chlô, eu tenho tudo. Família, trabalho, casa própria, saúde. Mas sinto um vazio que não sei explicar”.
E não é a primeira vez que escuto isso no consultório.
Existe uma epidemia silenciosa acontecendo entre nós, mulheres. Uma que não aparece em exames de sangue ou check-ups anuais. É a epidemia da desconexão.
Como especialista em autocuidado e relacionamentos, posso afirmar com certeza: nunca estivemos tão “conectadas” através das telas e, ao mesmo tempo, tão profundamente desconectadas de nós mesmas e das pessoas ao nosso redor.
Mas como saber se você está vivendo essa desconexão?
Existem sinais claros – e outros nem tanto. Vou compartilhar com você os principais que identifico na minha prática clínica, especialmente entre mulheres de 25 a 35 anos.
Você se sente invisível mesmo estando rodeada de pessoas Sabe aquela sensação de solidão mesmo no meio da família? De não ser verdadeiramente vista ou compreendida? Isso não é “frescura” ou “drama” – é um sinal legítimo de que suas necessidades emocionais não estão sendo atendidas.
Você está sempre “funcionando”, mas raramente “vivendo”. Sua agenda está lotada. Pode ser que você responda todas as mensagens, compareça a todos os eventos, cumpra todas as obrigações. Mas quando foi a última vez que você sentiu verdadeira alegria em alguma dessas atividades?
Suas conversas são sempre superficiais. “Como vai?” “Tudo bem!” “Trabalho corrido!” – e por aí vai. Se você percebe que suas interações raramente passam desse nível, é um sinal importante de desconexão.
Você se sente exausta após interações sociais. Diferente do que muitos pensam, isso não significa necessariamente que você é introvertida. Pode ser um sinal de que suas interações não estão sendo nutrientes o suficiente.
Você não consegue identificar suas próprias necessidades. “O que você quer?” se tornou a pergunta mais difícil de responder. E não estou falando só do cardápio do restaurante – estou falando da vida.
E aqui chegamos a um ponto crucial: por que é tão difícil reconhecer esses sinais?
A resposta é complexa, mas tem muito a ver com como fomos condicionadas. Desde pequenas, aprendemos a priorizar as necessidades dos outros. A ser “fortes”. A “dar conta de tudo”. E, nesse processo, perdemos a conexão com nossas próprias necessidades emocionais.
Mas existe algo ainda mais importante que identificar esses sinais: entender que eles não são uma sentença. São um convite.
Um convite para olhar para dentro. Para reconhecer que precisar de conexão não é fraqueza – é sabedoria.
E aqui, preciso ser direta com você: conexão verdadeira não acontece por acaso. Não é algo que simplesmente “aparece” quando estamos prontas. É algo que construímos ativamente, conscientemente.
Como? Começa com pequenos passos:
Primeiro, pratique a auto-observação sem julgamento. Antes de buscar conexão externa, precisamos nos reconectar com nós mesmas. Dedique alguns minutos do seu dia para simplesmente observar seus pensamentos e sentimentos, sem tentar mudá-los.
Depois, cultive vulnerabilidade intencional. Escolha pessoas e momentos específicos para compartilhar algo mais profundo sobre você. Não precisa ser um grande segredo – pode ser um medo, uma esperança, um sonho.
Terceiro, crie rituais de conexão. Pode ser um café com uma amiga toda semana, um grupo de leitura mensal, ou mesmo um momento diário de reflexão sozinha. O importante é a consistência.
Quarto, aprenda a pedir ajuda. Isso mesmo. Pedir ajuda não é mostrar fraqueza – é mostrar sabedoria. É reconhecer que somos seres interdependentes.
E aqui está uma verdade que aprendi em anos de prática clínica: as mulheres mais realizadas que conheço não são as que “conseguem fazer tudo sozinhas”. São as que aprenderam a criar e nutrir conexões significativas.
Porque no final, não são os likes no Instagram ou os números na conta bancária que nos fazem sentir verdadeiramente vivas. É a profundidade das nossas conexões – com nós mesmas e com os outros.
Se você se identificou com algum dos sinais que mencionei, saiba que não está sozinha. E mais importante: saiba que reconhecer é, sim, dar o primeiro passo em direção à mudança o que já é, por si só, um ato de coragem e autocuidado.
A questão não é se você precisa de mais conexão – todos nós precisamos. A questão é: você está pronta para dar os primeiros passos nessa direção?
E aí, se identificou com algum desses sinais?
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